quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Pesquisa: Estradiol e a diferenciação de comportamento sexual.

Os esteróides têm importância fundamental no comportamento sexual. Existem dois tipos de controle por esses hormônios: o ativacional e o organizacional. Este refere-se ao fato que a diferenciação do cérebro em comportamentos que distinguem os sexos podem ser alterados em determinados pontos do desenvolvimento cerebral.
A visão clássica da diferenciação cerebral dar-se da seguinte maneira:
- Se houver presença de testosterona, haverá comportamento masculino;
- Se houver ausência de testosterona, haverá comportamento feminino.

Para assistir um tutorial que explica a via clássica de diferenciação, clique no link abaixo:



Novas pesquisas estão em andamento que indicam que essa visão simplista não corresponde na realidade.

Mc Ewen, à exemplo, propôs uma nova função a uma proteína já conhecida produzida pelos hepatócitos fetais e presente no plasma fetal chamada de α-fetoprotein (AFP). Sabe-se que ela protege o cérebro fetal durante seu desenvolvimento e Mc Ewen propôs que ela também seria responsável por ligar-se ao estradiol impedindo a defeminilização em caso de duplo X.

A pesquisa do artigo referente indica que ocorre durante a vida fetal do embrião a defeminilização pelo estradiol (vindo da testosterona) e, no caso da mulher, não ocorre pela presença da α-fetoprotein (AFP) que tem alta afinidade pelo estradiol impedindo-o de ligar-se ao cérebro. Após o nascimento, não ocorrerá mais a síntese de AFP e assim o estradiol terá função de diferenciação feminina.

Isso ocorre porque a testosterona pré-natal leva dois caminhos. O primeiro é se ligar ao receptor de androgênio e o outro é ser transformado em estradiol para assim masculinizar e/ou defeminilizar o feto.

Uma evidência de que isso ocorre é que os ovários fetais do ratos utilizados para pesquisa não possuem as 3 enzimas necessárias para produção de estradiol (P450scc, P450c17 e 450arom) e os testículos fetais dos ratos as possuem. O estradiol fetal presente apenas no plasma fetal masculino, portanto, levará a defeminilização pré-natal e mesmo se houver no estradiol secretado pela mãe no plasma do feto XX será bloqueada pela presença da α-fetoprotein (AFP).

Usaram-se algumas substâncias a fim de comprovar a tese. O Tamoxifen é uma antagonista do estrogênio e aplicado durante o desenvolvimento fetal, percebeu-se uma baixa capacidade posterior de desenvolvimento de comportamentos femininos. Usando-se ATD (1,4,6-androstatrene-3,17-dione), que é um inibidor da transformação de testosterona em estradiol, observou-se menor diferenciação para o comportamento masculino.

Fontes:
Role for estradiol in female-typical brain and behavioral sexual differentiation
Julie Bakkera* and Michael J. Baumb
Farmacologia, Rang and Dale
Por: Manuela Chianca

Um comentário:

  1. esse é o tutorial que não está aparecendo na postagem
    http://bcs.whfreeman.com/thelifewire/content/chp52/5202001.html

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