quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

(3) Doença Tireodeana: Graves


Doença de Graves: Patologia

            Essa doença foi primeiramente descrita por Robert Graves, em 1835. Tem prevalência em mulheres, sendo que a relação entre mulheres/homens é de 5 a 10 mulheres para cada homem doente. Suas principais características são exoftalmia, hipertireoidismo (em 60-80% dos casos é culpa da Doença de Graves) e bócio.
            A patogênese está relacionada à interação entre as células T e antígenos tireoideanos. Uma vez que as células T são ativadas, estimula-se a secreção de hormônios pelas células do tipo B. Basicamente, a auto-imunidade na DG é dirigida a 4 antígenos:

·         Tireoglobulina (onde se formam os hormônios);
·         Peroxidade (que catalisa a oxidação do íon iodeto);
·         Co-transportador de Na/I (que está relacionado à captação do iodo);
·         Receptor de TSH.


             Além desses possíveis auto-antígenos, observa-se moléculas das células tireoideanas que promovem a ligação com células T e ainda com o sistema complementar.
            O principal responsável pelos problemas decorridos na DG é o anticorpo anti-receptor de TSH. Como foi visto na apresentação, o TSH promove a secreção de hormônios tireoideanos de várias maneiras: aumentando a proteólise da Tireoglobulina, bomba de iodeto, iodização da tirosina, aumento do tamanho e atividade secretória das células e aumento do número de células tireoideanas.
           
Relembrando a produção dos hormônios tireoideanos:

      A ação desse anticorpo anti-rTSH faz praticamente o mesmo papel que o próprio TSH, pois se liga ao receptor de TSH na superfície da membrana plasmática. Assim, ele ativa a adenilato ciclase tireoideana, que desencadeará, por ação de múltiplas fosforilações enzimáticas, as ações decorrentes próprias da Tireotropina (TSH).

            Cabe destacar que os auto-anticorpos contra receptor de TSH não promovem apenas os efeitos já citados. Basicamente, temos mais dois tipos. Um deles pode acabar bloqueando o receptor de TSH, causando o efeito contrário: hipotireoidismo. Já o outro não tem efeito algum, simplesmente se liga ao receptor; o que pode diminuir um pouco o reconhecimento da tireotropina por competição de receptores de ligação, contudo, sem efeitos significativos.
            

            Histologicamente a doença pode apresentar:

·         Hiperplasia folicular;
·         Infiltração linfocítica;
·         Raros centros germinativos linfóides.

Podemos listar alguns fatores predisponentes, tais como: fatores ambientais, genéticos e endógenos.
Para demonstrar o fator genético, basta observarmos os dados de casos nas famílias, a freqüência mais elevado de casos em mulheres e a concordância em gêmeos monozigóticos (20-40%). Os estudos ainda estão em andamento para se verificar a influência genética no caso dessa doença. Não se conhece nenhum gene que seja responsável especificamente pelo aparecimento da doença. Alguns estudos indicam uma associação entre DG e polimorfismo do gene CTLA-4 (cytotoxic T lymphocyte-associated 4) e determinados alelos no cromossomo 6. No caso de pessoas brancas os alelos HLA-DR3 e DQA1*0501 estão positivamente associados e o HLA-DRB1*0701 tem relação com a proteção à DG. Um outro estudo, feito com 92 doentes, indicou associação positiva com os alelos HLA-DRB1*08 e DRB3*0202 com a doença; o alelo DRB-1*07 relaciona-se com a proteção.
Um outro estudo interessante feito com animais sugeriu que o aparecimento de DG pode estar relacionado com um infecção virótica. Nesse estudo verificou-se uma homologia entre Yersina enterocolitica e Barrelia burgdorferi com auto-antígenos tireoideanos.  Porém, apenas isso não significa que infecção viral seja um mecanismo direto para DG.

O fato de as mulheres sofrerem mais com a doença pode residir na maior exposição que elas têm a estrogênios, uma vez que já se demonstrou sua capacidade reativa imunológica maior.
A influência de fatores ambientais se configura de maneira interessante. Para se ter uma idéia: comparando pacientes saudáveis ou portadores de bócio multinodular com pacientes com Doença de Graves, constata-se que os últimos se queixam mais frequentemente a stress psicológico que os outros. O stress pode induzir uma imunossupressão (provavelmente por cortisol). A resolução desse stress pode acarretar uma resposta “violenta”, ou seja, uma hiperatividade imunológica, a qual pode precipitar a doença em indivíduos geneticamente suscetíveis.

Em mulheres grávidas não é comum DG, afinal, é um período em que a mulher passa por imunossupressão . Contudo, depois que o bebê nasce, a imunidade é recuperada e este evento pode induzir DG, obviamente, de maneira preferencial em mulheres geneticamente pré-dispostas. Há um dado que mostra a alta freqüência de Graves pós-parto: 30 % das mulheres doentes apresentaram quadro de gravidez até 12 meses antes do aparecimento da doença.


Acompanhe o blog, pois logo logo vocês conhecerão como é feito o diagnóstico e o tratamento dessa doença auto-imune.

  Referências bibliográficas: 

 www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/am/v22n4-5/22n4-5a07.pdf

 GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed., 2006. 

Postado por: Pedro Luiz Monteiro Belmonte 

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