domingo, 30 de janeiro de 2011

TSH e cAMP: um relacionamento interessante

             O TSH, também conhecido como tireotropina, é uma glicoproteína com peso molecular de 28000. Como já vimos, ele atua sobre todas as atividades de secreção da glândula. Para efeito de curiosidade, seu efeito mais precoce após o uso/secreção é aumentar a proteólise da tireoglobulina.
            Mas como as células tireodeanas reagem a este hormônio, e passam a secretar/produzir mais hormônios tireodeanos? Pois é, galera, o grande responsável pelos efeitos é o sistema do “segundo-mensageiro”. Primeiramente, o TSH chega até a célula e se liga ao seu receptor específico. Este receptor, então, ativa a adenilato-ciclase, que utiliza ATP para produzir cAMP e pirofosfato (PPi) como produtos. 
            No citosol, ter níveis normais de cAMP significa possuí-lo em concentração de 10-7M. Caso a célula seja estimulada por algum hormônio a produzir cAMP, essa concentração pode ser elevada de 2 a 100 vezes (no caso do TSH, como se trata de aumentar a taxa metabólica da célula, temos altas concentrações de cAMP). Geralmente, os receptores de adenilato-ciclase estão acoplados à proteína G. Já foram identificados 6 genes que codificam tipos diferentes de adenilato-ciclase.  Elas são proteínas de membrana, com nada menos que 12 domínios que atravessam a membrana.

            Calma lá, ativamos o receptor de membrana do TSH, que estava acoplado a uma proteína tal G, que ativa a formação de cAMP. O mecanismo intracelular pelo qual o cAMP atua está relacionado, muitas vezes e inclusive no caso do TSH, com a proteína quinase A (PKA). Esta proteína quinase A, como já sabemos, promove múltiplas fosforilações na célula. Vejamos qual o efeito do cAMP sobre ela: quando em falta de cAMP, a PKA está na forma inativada, a saber, é um tetrâmero que não é capaz de gerar fosforilações; quando VÁRIAS moléculas de cAMP se ligam ao sítio regulatório da quinase, o tetrâmero se desfaz e agora possuímos o sítio catalítico livre livre.
          
            Vocês bem se lembram que o hormônio tireodeano se liga a um receptor de hormônio no núcleo da célula, onde ativa genes para transcrição de enzimas e outras coisas que iam aumentar o metabolismo celular. Pois é, qual não foi minha reação ao descobrir que o aumento da concentração de cAMP eleva a transcrição também? Da mesma maneira que o hormônio tireodeano, há a codificação de importantes enzimas e proteínas transportadoras de íons. Olha só: quando o tetrâmero PKA é desfeito(via c AMP), fica à vista a unidade catalítica. Só que também fica à vista, a seqüência de localização nuclear da quinase. Opa, então ela vai parar no núcleo! A PKA, então, induz fosforilação e ativação de proteínas regulatórias de genes regulados por cAMP (CREBs).

            Quando li isso, tudo fez sentido. Afinal, como o TSH induziria todos os processos para aumentar a secreção/produção de hormônios tireodeanos? Ora, basta fosforilar as CREBs e contar com seu controle de expressão gênica, para promover as enzimas que otimizam a produção/secreção de T3 e T4.

Referências bibliográficas: 

 Devlin, Thomas M. – Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas – tradução da 4ª edição americana, 1998, Ed. Edgard Blucher Ltda
 
Postado por: Pedro Luiz Monteiro Belmonte
 

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