sábado, 29 de janeiro de 2011

Doença de Graves: Diagnóstico e Tratamento


Há algum tempo prometi dar informações sobre o diagnóstico e tratamento da Doença de Graves; pois então, vamos a elas. Mas, antes, convém destacar que não são coisas tão simples; envolvem uma série de variáveis, que dependem do tipo de paciente, sobretudo.  Nem tudo está perdido. Obviamente que posso explicar de maneira geral, para ao menos possuirmos alguma ideia acerca do assunto.
(É aconselhável dar uma lidinha no post sobre DG)

Diagnóstico

Uma baixa do TSH associada a altas taxas de hormônio tireoideano confirmam o diagnóstico de hipertireoidismo. Mas ainda não cravamos o diagnóstico para DG, uma vez que várias patologias podem se manifestar através do hipertireoidismo. Precisamos de mais informações para identificar (ou não) essa doença auto-imune. Recorremos, então, ao anticorpo anti-rTSH (anti-receptor de TSH), aquele mesmo, que ataca os receptores de TSH, estimulando-os. 
 
Só que há algumas considerações a serem feitas no presente momento: (1) anti-rTSH não é apenas um anticorpo. Existem vários anticorpos que agem sobre o receptor de TSH, e se dividem em 2 classes: estimulantes e bloqueadores. Contudo, num indivíduo que apresenta hipertireoidismo, a dosagem de algum desses anti-rTSH indica que são estimulantes. (2) Em algumas pessoas a dosagem desses anticorpos é dificultada, uma vez que eles existem em baixas concentrações.

Em pacientes que apresentam exoftalmia há um procedimento já estabelecido para determinar se é ou não graves: geralmente, a dosagem de anticorpo contra colágeno XIII está associada a Graves. Agora, se a proptose (exoftalmia) for unilateral, é importante se fazer uma ressonância magnética para eliminarmos a suspeita de câncer retrobulbar ou má formação vascular.  

Tratamento

Infelizmente, falamos de uma doença auto-imune, ou seja, o tratamento perfeito não está ao nosso alcance. O que temos são duas saídas: controlar a sintomatologia e reduzir a síntese de hormônio tireoideano. 

- Controle dos sintomas: β-bloqueadores.

                Já se constatou que a alta atividade de tireoide está relacionada com o aumento de receptores adrenérgicos em vários tecidos. Logo, deduzimos que muita coisa pode sair desse fato, uma vez que temos mais portas de entrada para mecanismos regulatórios (inibição/excitação). Assim, esse efeito é responsável por vários dos sintomas do hipertireoidismo. O uso de β-bloqueadores diminui o número de “portas abertas”, o que reduz consideravelmente o efeito indesejável.  
                Mas não é pra sair usando de todo jeito. A convenção é usar β-bloqueadores quando os sintomas estiverem do leve moderado para forte.
               
- Redução da síntese de hormônio:
               
                No meu último post, amigos, falei sobre uma droga que é capaz de inibir a peroxidase tireoideana. Inibe, portanto, a síntese de hormônio. Oras, usemos essa droga. E é isso que se faz. O nome dela tá aí no último post, mas coloco-o aqui em português de Portugal (donde veio o artigo base do post): propiltiouracilo. Nada mal pra um lugar onde elétron é mais conhecido como electrão.
                Outro tratamento utilizado é o uso de iodo radioativo. Eis o motivo: Quando injetamos numa pessoa uma dose de iodeto, quase 90% do injetado é absorvido em 1 dia. A ideia aqui foi sacanear as células secretórias da glândula: o iodo usado é radioativo, o que as destrói prontamente, reduzindo a secreção de hormônio
                Pode-se também retirar a glândula por meio cirúrgico. Contudo, o grande problema desse tipo de tratamento é o que ocorre no pós-operatório. A remoção deixa alguns resíduos de glândula que, dependendo da quantidade que fica, causam problemas. Tanto é que este tratamento só é indicado nos casos de compressão de outras estruturas ou grávidas alérgica a antitireoideanos. Os possíveis posteriores problemas necessitam de outro tratamento que não seja cirúrgico, para reduzir os riscos.

Referências Bibliográficas:

·         Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Serviço de Endocrinologia e Serviço de Imunologia. Hospital de São João.
              Neves, Celestino; Alves, Marta; Delgado,José Luis;Medina, Jose Luis.
              2008

·         http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/nerves_p.html
     
      Postado por: Pedro Luiz Monteiro Belmonte

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