sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Substâncias antitireoideanas

Final de semestre e agora tá na hora das últimas postagens.
Hoje a gente pega um pouco mais leve. A postagem que segue é referente a algumas drogas que servem como inibidoras dos hormônios da tireoide (lembrem-se, paroxítonas terminadas em ditongo crescente “oi” não são mais acentuadas). 
               
Essas drogas antireoideanas têm muita importância atualmente, sobretudo em tratamentos pré-cirúrgicos. Entre essas substâncias, as mais importantes e bem conhecidas são o propiltiouracil, tiocianato e altas concentrações de iodetos inorgânicos.  Elas atuam de diversas maneiras, de forma a bloquear a secreção de hormônios tireoideanos.

Propiltiouracil: Esta droga age no sentido de reduzir a formação de hormônios. Seus principais campos de atuação, por assim dizer, consistem em atuar sobre iodetos e tirosina.  Há dois mecanismos sobrejacentes, a saber:  o primeiro busca obstar a enzima peroxidase (necessária para iodização da tirosina); o segundo atua bloqueando a conjugação de duas tirosinas iodadas, que servem para formar os hormônios.
Convém destacar que nem o propiltiouracil, tampouco o tiocianato, impedem a formação da proteína “suporte” para produção dos hormônios: a tireoglobulina. Desta maneira, ela continua ser formada sem, contudo, possuir os hormônios nos seus resíduos de tirosina. Esta falta de hormônio tireodeano, induzida pela droga, pode causar um aumento da secreção de TSH pela hipófise anterior e, portanto, gerar o crescimento da glândula.

                               Peroxidase: bloqueada pela droga

                Íons tiocianato: Esta droga age graças ao fato de que a mesma bomba que promove o transporte de íons iodeto para dentro das células da tireoide pode também transportar tiocianato (e outros compostos). Sendo assim, altas concentrações desse íon tiocianato, previamente dosado, é claro, causa competição com os íons iodeto na membrana da célula; o que inibe a captação de íon iodeto.  Desta maneira, o que acontece? A tirosina da tireoglobulina não é iodada (lembre que tiocianato não impede a formação da tireoglobulina) e a proteólise dela não termina com liberação hormônios tireodeanos.
 
                Altas concentrações de iodetos: Se temos uma alta concentração de íons iodetos no sangue, a taxa de captação desses íons é diminuída e, assim, a iodização da tirosina é afetada.  Só que tem algo muito mais importante do que isso: o fato de possuirmos em excesso os íons iodetos leva a uma drástica redução da endocitose do coloide. Caso não se lembrem, a endocitose do coloide (feita a partir dos folículos, pelas células tireoideanas) é o estágio inicial de liberação de hormônio tireodeano oriundo de coloide de armazenamento. Resultado, interrupção imediata da secreção de hormônio.

           Como é uma forma de bloquear a grande parte dos mecanismos e atividades tireoideanas, acaba por reduzir o tamanho da tireoide e sua irrigação sanguínea. Este é um efeito muito proveitoso no campo cirúrgico de remoção da glândula, uma vez que se reduz o porte da cirurgia, diminuído assim o risco. Geralmente é administrado de 2 a 3 semanas antes da cirurgia. Para se ter idéia, com o uso de esse e outros procedimentos pré-operatórios a mortalidade cirúrgica de remoção da glândula é menor que 1 em 1000; antes disso esses números eram de 1 a cada 25.
               
                                           é isso que altas [] de iodeto pode diminuir: bócio


Referências bibliográficas: http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=5&materia_id=68&materiaver=1

 Postador: Pedro Luiz Monteiro Belmonte
   

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